Perdido num Rasto de Tempo ...


Perdido num rasto de tempo,
Cansado e faminto de verdade,
Traz-me o Futuro o vento,
Com um gemido rouco da idade.

De longe um vulto conhecido,
Um corpo que parece desenhado,
Ao perto se apresenta num vestido,
A imagem que me lembra o passado.

Expressão de um olhar bem forte,
Que me prende no primeiro momento,
No qual eu esqueço até a morte
E viajo com todo o consentimento.

Cabelos negros cor de petróleo,
Que alimentam a minha criatividade.
Sorriso pintado a óleo,
Que me criam outra realidade.

É um ser de ingénua aparência
Mas de benévola maldade possuída,
Que denota a sua existência
Com sinais de natureza acrescida.

Desperta em mim o lado mais puro
E verdadeiro da imensa consciência,
Levando-me a perceber o Futuro,
Mesmo antes da minha própria decência.


Perco-me nas conversas criadas
A partir de palavras meramente banais,
Que por duas mentes emparelhadas,
Se formam melodias carnais.

Não se esgotam os temas insanos,
Que nos despertam instintos naturais,
E que por tremores humanos
Percebemos que somos meros mortais.

Conquisto a sua mente a cada dia,
Controlo as suas palavras e a sua vontade,
E com poderes que nem eu conhecia,
Entro nos seus sonhos de verdade.

Sou um conhecedor da matéria humana,
Que criou a sua própria religião,
Se rege pela bíblia de criação indiana,
Que fomenta o pecado e a perdição.

Tantas palavras se escrevem,
Por mão de um poeta suponho,
Mas desta as minhas forças não cedem,
Pois tudo não passou de um sonho.

                                                  Sanches



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