Fúria da Chuva


Ding… ding… ding…
Bate a chuva leve e fria,
Como quem foge e se esguia
Dos caminhos da amargura.
Tic… tic… tic…
Bate a chuva nesta gente,
Que se julga diferente
E se enaltece da loucura
Splash…splash…splash…
Bate a chuva em toda a bota,
Rico ou pobre não importa,
Só se salvam com ventura.
Tlic… tlic… tlic…
Bate a chuva em cada poço,
Escorrendo por todo o troço,
Matando a sede com ternura.

Não há mais som que a chuva faça,
Para além do sino da desgraça,
Que ela badala quando passa
E rende á sua força, seus irmãos.
Não há fogo, terra ou vento,
Que se oponham ao tormento,
De todo ou qualquer momento
Que esta se tente manifestar.

Chega a terra e dá-lhe o poder,
Que jamais alguém poderá vencer,
Ao qual só nos podemos render
E esperar a fúria passar.
Vem o vento e dá-lhe a ligeireza,
Que por muita que seja a beleza,
Nos embosca numa tremenda tristeza,
De nunca a conseguirmos travar.

Já o fogo lhe é indiferente,
O controla solenemente,
E se gaba rapidamente
Do seu poder de dominar.

Blash… pfush… trush…
Bate a chuva em todo o lado,
Deixando tudo arrasado,
Quando nos vem visitar.

                               Sanches                                                                

Sem comentários:

Enviar um comentário